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Zorra Total faz piada com dom de línguas e mostra “deus LGBTQ”; Jornal Nacional termina com “saravá” 

O programa humorístico Zorra Total apresentou um esquete em que um pastor morre de infarto e ao chegar no Céu, depara-se com um deus mulher que se diz LGBTQ. Horas antes, Chico Pinheiro, na bancada do Jornal Nacional, encerrou a edição desejando “saravá” para a audiência.

A insistência do Zorra Total em fazer piadas com temas religiosos ligados ao Cristianismo teve mais um capítulo no último sábado, 02 de dezembro. Um longo esquete mostrou um pastor que morreu e não conseguia compreender a ideia de que Deus seja mulher, e por contestar isso, foi mandado ao inferno.

No diálogo, o deus mulher do Zorra Total alega ser “tudo, todos”, e dentre diversas formas, surge como uma pessoa LGBTQ (que pode ser homossexual, transgênero ou todas as opções). O pastor, incomodado, repreende: “Sai desse corpo, tinhoso. Sangue de Jesus tem poder”, afirma, emendando frases que seriam línguas estranhas.

O deus do Zorra Total se irrita com o pastor e o envia para o inferno, para “requentar as ideias”. Chegando lá, o líder religioso se encontra com o diabo na aparência “convencional”, e escuta dele que é afeito a estereótipos: “Sou pela tradição, sou um conservador”, diz Satanás.

As piadas com cristãos vêm se repetindo com frequência desde que o Zorra Total foi reformulado há pouco mais de dois anos e meio. Os evangélicos são o alvo preferido dos humoristas, que sempre sugerem a fé como um apego a bens materiais, os fiéis como pessoas intelectualmente inferiores e os pastores como avarentos.

 Boa noite?

Chico Pinheiro é um dos jornalistas da Globo mais irreverentes, mas também um dos que menos disfarçam sua afeição pelo viés ideológico de esquerda. No último sábado, quando dividiu a bancada do Jornal Nacional com Monalisa Perrone, ele encerrou a edição com uma saudação comum às religiões afro-brasileiras.

“Acabou, mas antes de encerrar eu queria lembrar que amanhã se comemora o Dia Nacional do Samba. O samba que é pai do prazer, filho da dor. É melhor ser alegre do que ser triste. A alegria é a melhor coisa que existe, assim como a luz no coração. Um saravá e boa noite pra você”, afirmou.

Pinheiro é um dos apresentadores do carnaval na Globo, e seu discurso no encerramento do telejornal é uma referência à música Desde Que o Samba é Samba. A expressão “saravá” é oriunda do período da escravidão no Brasil, surgida da pronúncia errada da palavra “salvar”, usada pelos negros como saudação.

No entanto, dentro de religiões como o Candomblé e a Umbanda, o termo tem um sentido particular, de invocação de uma força que movimenta a natureza. Diante disso, nas redes sociais, os comentários sobre o encerramento incomum do principal telejornal da Globo foram imediatos: “Se tivesse terminado com ‘Amém’, imagina o rebuliço que ia dar… Laicidade no dos outros é refresco”, escreve um internauta, de acordo com informações do UOLl. Outro usuário se valeu do sarcasmo: “Só esperando ele dizer Allahu Akbar”.

 

Gospel+        4 de dezembro de 2017