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Quase 400 mil evangélicos deixaram a igreja na Alemanha em 2017, aponta relatório

O Cristianismo na Europa vem sofrendo algumas baixas já faz alguns anos. Isso não é novidade para analistas internacionais e lideranças religiosas que acompanham o comportamento das igrejas evangélicas e católicas no decorrer desse tempo, e mais um relatório estatístico divulgado em julho desse ano confirma essa realidade.

Conhecida pela sigla EKD, a Igreja Protestante na Alemanha informou que perdeu 390 mil membros em 2017, um número maior quando comparado à Igreja Católica, que perdeu 268 mil membros no mesmo ano, segundo as estatísticas apresentadas também pela Conferência Episcopal da Alemanha.

Esse número representa uma queda de 1,8%, restando de membros oficialmente registrados 21,5 milhões entre os 82,5 milhões de habitantes que a Alemanha possui.

O número em milhões pode parecer expressivo para algumas pessoas se comparado ao número total de habitantes. Entretanto, estamos falando do país berço da Reforma Protestante, onde em 1517 o então monge católico Martinho Lutero publicou suas 95 teses que criticavam duramente a Igreja Católica, fazendo nascer ali o movimento que resgatou os pilares da doutrina cristã no seio do povo.

Na cidade de Wittenberg,   por exemplo, onde Martinho publicou suas teses e onde fica a “Igreja Matriz” da Reforma, chamada oficialmente de Santa Maria, boa parte da frequência aos cultos do meio dia são de visitantes, sinalizando o que pode ser considerado um tipo de membresia muito mais turística do que de congregados, de fato.

A Igreja Evangélica de Anhalt, a Igreja Evangélica na Alemanha Central e a Igreja Evangélica de Bremen apresentaram maior queda de membros nos últimos anos, sendo a Igreja Reformada Evangélica a única que foi na contramão dessa realidade, apresentando um aumento de 173 mil pessoas no ano passado.

Política, doutrina e sociedade

O principal argumento apresentado pelas instituições foi o demográfico. Ou seja, elas alegam que o número de membros que deixaram de fazer parte das instituições por questão de falecimento, por exemplo, tem sido maior do que o número de nascidos.

Além disso, o controle estatístico de membros é feito com base nos registros oficiais do Governo, porque na Alemanha ao se filiar em uma denominação o membro é obrigado a pagar uma taxa de contribuição descontada diretamente do seu salário. Uma espécie de imposto que é convertido para a instituição.

Assim, quando o membro deixa de contribuir, sua filiação oficial como membro da igreja é automaticamente excluída, muito embora essa pessoa ainda possa ser um frequentador “não oficial” da instituição.

O fato é que como a filiação oficial está atrelada ao apoio direto às denominações, pode ser que muitos membros tenham se desfiliado também por razões doutrinárias, por exemplo, devido ao liberalismo teológico que tem feito algumas igrejas, como a luterana, adotar políticas ligadas ao movimento LGBT e ao feminismo, segundo informações do Evangelical Focus.

Gospel+