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Não dirás falso testemunho

 

1º - Não terás outros deuses diante de mim; 2º - Não farás  para ti imagem de escultura; 3º - Não tomarás o nome do  Senhor teu Deus em vão; 4º -   Lembra-te  do dia do    sábado, para o santificar;   5º - Honra a teu pai e a tua mãe; 6º - Não matarás; 7º - Não adulterarás; 8º - Não furtarás; 9º -  Não dirás falso testemunho; 10º - Não cobiçarás.

     O nono mandamento é uma ordem expressa de Deus  para que o ser humano, especialmente aqueles que  pertencem ao seu povo, não mintam em juízo, visando  prejudicar a quem quer que seja.

        A palavra testemunho, segundo o dicionário de Aurélio,  significa “depoimento duma testemunha em juízo; prova”.  Olhando o significado dessa palavra bem como o da  palavra testemunhar, concluímos que somos ordenados  por Deus a falar a verdade; só testemunhar se tivermos  certeza absoluta do que o que afirmamos é verdadeiro. A  palavra falso, ainda segundo Aurélio, significa dentre  outras coisas algo “contrário a realidade. Em que há  mentira, ou dolo. Desleal, traiçoeiro. Infundado;  inexato....juízo ou em qualquer outra circunst”. Então, falso testemunho ância aquilo que não é significa afirmar em  verdadeiro, visando prejudicar alguém. 

    Desse abominável pecado é dito por Salomão que é algo  que aborrece ao Senhor, que traz constrangimento a Deus.  “Estas seis coisas aborrece o Senhor, e a sétima a sua  alma abomina: olhos altivos, e língua mentirosa, e mãos  que derramam sangue inocente, e coração que maquina  pensamentos para o mal, e testemunha falsa que profere mentiras,viciosos, e pés que se apressam a correr  e o  que semeia contendas entre irmãos” Pv 6.16-19. 

    A lei divina era rigorosíssima na punição ao autor do  falso testemunho. “Quando se levantar testemunha falsa  contra alguém, para testificar contra ele acerca de  transgressão, então, aqueles dois homens, que tiverem a  demanda, se apresentarão perante o Senhor, diante dos sacerdotes e dos juízes que houver naqueles dias. E os juízes bem inquirirão; e eis que, sendo a testemunha falsa  testemunha, que testificou falsidade contra seu irmão, far-lhe-eis como cuidou fazer a seu irmão; e, assim, tirarás o mal do meio de ti, para que os que ficarem o ouçam, e temam, e nunca mais tornem a fazer tal mal no meio de ti...”  Dt 19.16-21.

   No Antigo Testamento encontramos um episódio em que, por inveja e cobiça, duas pessoas são contratadas por uma mulher ímpia, a rainha Jezabel esposa do rei Acabe, para testificar contra um servo de Deus chamado Nabote por ele se recusar a vender uma vinha contígua a casa de Acabe na cidade de Jizreel, dizendo que ele tinha blasfemado contra Deus e contra o rei (Veja 1 Rs 21.1-16). Os juízes que julgaram o caso de Nabote foram coagidos por Jezabel e condenaram Nabote a morte por apedrejamento. “E escreveu nas cartas, dizendo: Apregoai um jejum e ponde Nabote acima do povo. E ponde defronte dele dois homens, filhos de Belial, que testemunhem contra ele, dizendo: Blasfemaste contra Deus e contra o rei; e trazei-o fora e apedrejai-o para que morra” 1 Rs 21.9,10.  

   No Novo Testamento encontramos um caso que, por motivos religiosos, um servo de Deus foi acusado por duas falsas testemunhas, contratadas pelos lideres da Sinagoga dos Libertos que na época existia em Jerusalém, e o tribunal (o Sinédrio) condenou a morte por apedrejamento a Estevão um dos diáconos da igreja primitiva, que tinha um poderoso ministério de pregação da Palavra de Deus e que proferira um duríssimo discurso contra aqueles que se opunham a mensagem do Evangelho. “Apresentaram falsas testemunhas, que diziam: Este homem não cessa de proferir palavras blasfemas contra este santo lugar e a lei; porque nós lhe ouvimos dizer que esse Jesus Nazareno há de destruir este lugar e mudar os costumes que Moisés nos deu” At 6.13,14. (Veja todo o assunto em At 6.8-15; 7.1-60).    Nos livros de história da Igreja lemos que milhares e milhares de servos de Deus, em diversas épocas, foram acusados falsamente e condenados à morte por diversos meios (decapitação, fogueira, atirados as feras, etc). Esses mártires preciosos sucumbiram diante  de falsos testemunhos de homens e mulheres impiedosos. Certamente que o juízo divino, na eternidade, será sem piedade sobre aqueles que levaram a morte, por falsos testemunhos, aos servos de Deus, pois o Senhor dará a cada um segundo as suas obras (Ap 11.17,18).  

                         Pr. Eudes Lopes Cavalcanti