III
Esta certeza infalível de salvação não é uma parte essencial da fé cristã, pois um crente pode esperar muito tempo, e lutar contra muitas dificuldades, antes de alcançá-la¹¹. Todavia, sendo capacitado pelo Espírito a conhecer as coisas que lhe são graciosamente dadas por Deus¹², ele pode, sem revelação extraordinária, pelo uso correto dos meios ordinários, tomar posse dela¹³. Portanto, é o dever de cada um ser diligente para confirmar sua vocação e eleição14; para que, dessa forma, seu coração seja dilatado em paz e alegria no Espírito Santo, em amor e gratidão a Deus, e em vigor e deleite nos deveres da obediência15, os frutos próprios desta segurança. Isso está muito longe de conduzir os homens à negligência16.
11. 1Jo. 5.13.12. 1Co. 2.12; 1Jo. 4.13. 13. Hb. 6.11-12.
14. Rm. 5.1-2, 5; 2Pe. 1.10. 15. Rm. 14.17; 15.13.
16. Sl. 119. 32; Rm. 6.1-2; 8.1, 12; 2Co. 7.1; Tt. 2.11-14; 1Jo.1.6-7; 3. 2-3.
IV
Os verdadeiros crentes podem ter de diversas formas, a segurança de sua salvação abalada, diminuída e interrompida; como pela negligência da preservação dela; pela queda em algum pecado específico17, o qual fere a consciência e entristece o Espírito18; por alguma tentação súbita e veemente; por desviar Deus a luz de seu rosto, permitindo até mesmo que aqueles que o temem andem em trevas sem nenhuma luz¹⁹. Contudo jamais serão totalmente destituídos daquela semente de Deus e da vida de fé20, daquele amor a Cristo e aos irmãos21, daquela sinceridade de coração e consciência do dever22, donde, pela operação do Espírito, esta segurança, no devido tempo, seja revitalizada, e, por meio da qual, nesse ínterim, eles são amparados a fim de não caírem no desespero total23.
17. Sl. 51.8,12,14. 18. Ef. 4.30. 19. Sl. 77: 1-10; 31.22.
20. Lc. 22.32; IJo. 3.9. 21. 1Jo. 4.16; 5.1. 22. 1Jo. 2.6, 29.
23. Jr. 32:40; Mq. 7.7-9; 2Co. 4.8,10.