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A Igreja de Sardes (Ap 3.1-6)

      Sardes, atual Sart na Turquia, era na época duas cidades daí o nome Sardes (plural), sendo uma localizada num monte com uma encosta íngreme onde estava a fortaleza e a outra ao pé desse monte numa planície, sendo esta mais desenvolvida e rica devido estar localizada também na rota comercial daquela parte da Ásia Menor. O personagem Cresus, famoso pela sua fortuna, estava associado a essa importante cidade.

     A Igreja nessa cidade estava praticamente envolvida com a cultura pecaminosa da cidade, só umas poucas pessoas dentro dela vivia realmente o evangelho na sua plenitude, o restante tinha contaminado as suas vestes.

    O Senhor Jesus se apresenta a essa igreja como aquele que tinha os sete Espíritos e as sete estrelas. “E ao anjo da igreja que está em Sardes escreve: Isto diz o que tem os sete Espíritos de Deus e as sete estrelas” Ap 3.1a. Nessa apresentação de Jesus, os sete Espirito quer dizer o Espirito de Deus em sua plenitude, pois o número sete no Apocalipse significa a coisa completa, em sua plenitude, ou ainda, em sua sete manifestações, como explicitado em Isaías 11.2. As sete estrelas que estão nas mãos de Jesus são os pastores da Igreja (pastores e presbíteros), responsáveis por ela diante do Senhor. (Veja Ap 1.20; At 20.28; 1 Pe 5.1-4).

    O resultado da análise que Jesus fez da igreja de Sardes não é muito positivo. Ele disse que ela tinha nome de quem vivia, mas estava morta. Só umas poucas pessoas da Igreja não tinham se comprometido com o mundo da época. “Eu sei as tuas obras, que tens nome de que vives e estás morto” Ap 3.1b.  “Mas também tens em Sardes algumas pessoas que não contaminaram suas vestes e comigo andarão de branco, porquanto são dignas disso” Ap 3.4. O mundo tinha entrado na igreja e o testemunho dos crentes não era eficaz, é por isso que Jesus fala sobre o Espírito Santo, pois é Ele quem dá vida a Igreja, renova, rejuvenesce.

   Depois da identificação de pontos positivos e negativos da Igreja, Jesus faz uma gravíssima advertência a ela e a chama ao arrependimento sob pena de vir contra ela numa hora que ela não espera para puni-la pelos seus pecados. “Sê vigilante e confirma o restante que estava para morrer, porque não achei as tuas obras perfeitas diante de Deus. Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido, e guarda-o, e arrepende-te. E, se não vigiares, virei sobre ti como um ladrão, e não saberás a que hora sobre ti virei” Ap 3.2,3. Nessa advertência o Senhor Jesus fala sobre vigilância, confirmar o restante, lembrar-se do que tem recebido e ouvido e procurar guardar os ensinamentos da Palavra de Deus. Ele fala também do arrependimento, do retorno a Deus.

   Depois, o Senhor Jesus faz uma promessa ao vencedor: “O que vencer será vestido de vestes brancas, e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida; e confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos” Ap 3.5.    O vencedor será vestido de vestes brancas, símbolo da pureza produzida pelo poder do sangue do Cordeiro, e terá o seu nome confirmado no livro da vida, e diante do Pai e dos anjos o nome dele será pronunciado.

  Aparentemente a expressão “e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida”, pode dar a impressão de que o crente pode perder a salvação, mas o texto não quer dizer isso, pois iria entrar em contradição (a Bíblia não se contradiz)  com inúmeros outros textos que asseguram a salvação eterna para quem a possui, como por exemplo: “Tudo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora” Jo 6.37.  “Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito. Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte” Rm 8.1,2. A salvação não depende de nós e sim do Senhor. “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie” Ef 2.8,9.

     A carta à igreja de Sardes termina com o solene apelo para que se dê ouvido à voz do Espirito que está no meio da Igreja.      

  Pr. Eudes L. Cavalcanti