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Uma panorâmica sobre Números

 

      O livro de Números tem o seu nome decorrente dos dois censos registrados no livro, o primeiro realizado na planície do Sinai (Nm 1) e o outro, trinta e nove anos depois, na planície do rio Jordão antes da entrada do povo na terra prometida (Nm 26).

     No livro de Êxodo a Lei divina fora entregue ao povo de Israel e baseada nela o estabelecimento de uma aliança entre Deus e o seu povo. Foi também construído o tabernáculo e instituído o sacerdócio. No de Levítico encontramos as instruções para os sacerdotes levitas.

       No livro de Números encontramos a organização militar de Israel. O objetivo do censo ficou bem claro nessa intenção. “Da idade de vinte anos e para cima, todos os que saem à guerra em Israel; a estes contareis segundo os seus exércitos, tu e Arão” Nm 1.3.

     O primeiro censo teve um total de 603.550 homens capazes de sair para guerra, sendo excluídos os menores de vinte anos, os idosos, as mulheres e os levitas, e o segundo censo teve  601.730 homens.

 

    O livro de Números ainda registra a organização do acampamento israelita, cada tribo com a sua bandeira.  As doze tribos foram divididas em quatro grupos de três sob a liderança das tribos de Dã (Dã, Aser e Naftali), Efraim (Efraim, Manassés e Benjamim), Ruben (Ruben, Simeão e Gade), e Judá (Judá, Issacar e Zebulom). As tribos marchavam e acampavam segundo a ordem divina. Quando caminhavam, a arca da aliança levada pelos levitas ia à frente, seguida pelas tribos comandadas por Judá, Ruben, Efraim e Dã, nessa ordem. Quando acampavam o tabernáculo era instalado no centro cercado pelas tribos (três na frente, três atrás e três de cada lado). A ordem para acampar ou levantar acampamento era dada pelo Senhor através da nuvem que pairava sobre o acampamento de dia e a coluna de fogo à noite. Quando elas alçavam, o povo levantava acampamento e partia.     

      O livro de Números ainda registra um triste episódio na vida do povo de Israel que protelou a viagem em trinta e nove anos, que foi o pecado da incredulidade. O povo de Deus partiu do Sinai, devidamente organizado e ao chegar a Cades Barnéia, região fronteiriça a terra de Canaã, Moisés designou doze espias para olhar a terra Prometida. O relatório dado pelos espias foi o mais promissor possível no que se refere à qualidade da terra. A postura de dez dos espias foi contrária à possibilidade do povo conquistar a terra. Só dois espias tiveram uma postura diferente. Não negaram as dificuldades da conquista, mas creram que Deus lhes daria vitória. Por causa da decisão do povo em querer voltar para o Egito, Deus condenou toda aquela geração recenseada no Sinai a morrer no deserto e deu o privilégio de entrar na terra somente a Josué e Calebe e aos que tinham menos de vinte anos na época. O pecado de rebelião, entre outros, atraiu o juízo divino e a condenação daquela geração, que teve de voltar para o Sinai e caminhar em círculo até que todos os condenados morressem.

       O livro de Números ainda informa das dificuldades que Moisés teve com o povo na caminhada para Canaã, especialmente da rebelião de Coré, Datã e Abirão, três líderes que reivindicavam privilégios que Deus não lhes dera. O resultado disso foi que morreram 14.700 pessoas como juízo divino, inclusive os três líderes e as suas famílias que foram engolidos vivos pela terra. Paulo fala sobre os pecados de Israel na época (1 Co 10.1-11)  e avisa para que os cristãos não caiam no mesmo erro.

       Números também registra a conquista  por Israel de dois territórios na parte oriental do Jordão: o reino de Ogue, de Basã e o reino de Seom, dos amorreus. Nessas duas regiões conquistadas se estabeleceram as tribos de Rúben, Gade e a meia tribo de Manassés.

      Números ainda cita as cidades de refúgio, três de cada lado do rio Jordão, aonde o homicida que matasse alguém sem dolo se abrigasse até o seu julgamento.  

      O livro  trata também da questão dos moabitas que alugaram o profeta Balaão para amaldiçoar a Israel. Balaão não conseguiu o seu intento porque Deus o proibira, através de uma burra falante, que refreou a insensatez do profeta. Mais tarde Balaão orienta a Balaque, rei moabita, como impedir Israel de prosseguir, que foi fazendo uma festa onde os servos de Deus se prostituíram.   

 

         Pr. Eudes Lopes Cavalcanti