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Uma panorâmica sobre 2ª Crônicas

 

      2ª Crônicas detém-se basicamente sobre os reis da casa real de Davi, Reino de Judá ou do Sul, a exceção é a referência feita a Acabe, rei de Israel, com quem Josafá, rei de Judá fez aliança, aliança essa condenada pelos profetas Micaías e, especialmente, Jeú (2 Cr 19.1-3).

     2ª Crônicas começa fazendo referência ao reinado de Salomão e dedica a esse rei nove de seus capítulos. Nesses nove capítulos nos é informado que aquele rei teve duas visões de Deus sendo que na primeira Deus perguntou a ele o que ele queria, pois isso Ele lhe daria. Salomão pediu a Deus sabedoria para governar o Seu povo (2 Cr 1.7-12)  A outra visão foi quando Salomão construiu o santuário de Jerusalém e o consagrou (2 Cr 7.11-22). 

 

      Depois o livro trata sobre Roboão, filho de Salomão, em cujo reinado houve a divisão do reino em dois reinos, o de Judá (02 tribos) e o do reino de Israel (10 tribos). A causa da divisão do reino foi os pecados de Salomão e a intransigência de Roboão em atender a uma reivindicação justa do povo que estava oprimido com os pesados tributos taxados por Salomão.

     Como vimos de relance acima, o livro de 2ª Crônicas destaca a monumental obra realizada por Salomão que foi a construção do tão almejado santuário. O templo construído seguiu a mesma estrutura básica do tabernáculo: o átrio, o lugar santo e o lugar santo dos santos. No primeiro se encontravam duas peças: a bacia de lavar e o altar do holocausto. No lugar santo, três peças: o candelabro de ouro, a mesa dos pães da proposição e o altar de incenso. No santo dos santos, a arca da aliança.

     A sabedoria dada por Deus a Salomão o tornou famoso no mundo antigo (proferiu 3.000 provérbios, fez 1005 cânticos dentre eles o mais famoso, Cantares, e dissertou sobre os reinos animal e vegetal), vindo governantes do mundo de então para ouvir a sua sabedoria, dentre eles a famosa rainha de Sabá, conforme relato de 2 Cr 9.1-12.

   Como foi dito no inicio, o livro em questão enfoca a dinastia de Davi, fazendo menção de um rei de Israel, Acabe, por causa da aliança que Josafá fez com ele.     Dentre os reis elencados, temos os reis Abias,  Asa e Uzias, famosos pelas obras que realizaram, mas os mais famosos do ponto de vista espiritual foram os reis Josafá, Ezequias e Josias, todos eles empreendedores de reforma da vida religiosa do povo de Israel.

     Josafá teve um cuidado especial em abolir a idolatria e instruir o povo de Deus na lei divina, e para isso utilizou-se dos levitas. Dentre as vitorias de Josafá temos a mais decantada que foi a vitória sobre os filhos de Moabe,  Amom e de Seir. Nessa peleja, segundo a ordem divina, Josafá não teve de pelejar, apenas levou o povo a um momento de adoração, enquanto o anjo do Senhor destruía o exército inimigo. “Nesta batalha não tereis que pelejar; postai-vos, ficai parados e vede o livramento que o Senhor vos concederá, ó Judá e Jerusalém. Não temais, nem vos assusteis; amanhã saí-lhes ao encontro, porque o Senhor está convosco”.  2ª Cr 20.17.

      Ezequias teve por pai Acaz um rei ímpio, mas não seguiu os seus passos. Esse grande homem de Deus empreendeu também uma poderosa obra reformatória no meio do povo de Deus. Purificou o templo profanado por seu pai Acaz, restabeleceu o culto a Deus, instruiu o povo na lei divina, celebrou de uma forma especial a páscoa em Jerusalém convidando todo o seu reino para essa festividade. Depois dessa obra, o rei da Assíria, a potência mundial da época, depois de destruir o reino de Israel, intentou fazer o mesmo com o reino de Judá, cercando Jerusalém, mas Deus deu uma vitória estrondosa ao seu povo; um anjo enviado por Deus destruiu o exército assírio (185.000 homens).

       Josias teve também por pai um rei ímpio, Amom, mas como Ezequias não seguiu os passos de seu pai, ao contrário, andou nos caminhos do Senhor e fez uma grande obra no meio do povo de Deus.  Pena que, por uma decisão política errada sua, tenha sido morto prematuramente pelo faraó Neco.

      O livro em apreço também fala, em seu final, da destruição de Jerusalém, do templo e do cativeiro babilônico na época de Zedequias, e fala também do retorno do cativeiro babilônico, autorizado por Ciro, rei persa.                   

    Pr. Eudes Lopes Cavalcanti