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Uma panorâmica sobre Esdras

 

      O livro de Esdras começa com as mesmas palavras do final do livro de 2ª Crônicas, e isto nos dá indício de que quem escreveu Esdras escreveu também os livros de Crônicas, e ninguém estava mais qualificado para isso, na época, do que o sacerdote escrita Esdras. O livro de 2ª Crônicas termina com a autorização de Ciro, rei persa, para o retorno dos judeus do cativeiro babilônico, e o de Esdras conta a mesma história no seu início.

     O livro em apreço é um livro que trata da restauração do templo e do culto após o retorno dos cativos para a terra de Israel, depois de setenta anos de cativeiro.

      O rei Ciro fora usado por Deus para autorizar o retorno dos judeus cativos à sua terra natal. A ordem de Ciro envolvia também a liberação das peças que eram usadas no culto judaico no templo quando o mesmo existia, e que tinham sido levadas para a Babilônia.

      O livro de Esdras mostra a relação da primeira leva de judeus que voltaram do cativeiro e que vieram sob o comando de Zorobabel. Em seguida, o livro revela o início da reconstrução do templo sendo o altar do holocausto a primeira peça colocada. Em seguida é lançado o alicerce do templo. Nessa ocasião houve uma intensa emoção, relatada assim pelo escritor sacro: “Muitos, porém, dos sacerdotes e dos levitas, e dos chefes das casas paternas, os idosos que tinham visto a primeira casa, choraram em altas vozes quando, a sua vista, foi lançado o fundamento desta casa; também muitos gritaram de júbilo; de maneira que não podia o povo distinguir as vozes do júbilo das vozes do choro do povo; porque o povo bradava em tão altas vozes que o som se ouvia de mui longe” Ed 3.12,13.

      O trabalho de reconstrução do templo teve a oposição dos samaritanos (povo misto remanejado pela politica expansionista assíria, quando destruíra o reino do Norte-Israel). A partir desse episódio, começou o cisma samaritano que perdurou por séculos, inclusive na época em que viveu Jesus de Nazaré. Por causa dessa oposição a reconstrução do templo foi interrompida por um determinado tempo, só sendo retomada quando o rei Dario, persa, autorizou a continuação do trabalho. Nesse ínterim, dois profetas estimularam o povo a continuar a obra de reconstrução do templo (Ageu e Zacarias), e quando a obra foi acabada houve um culto de consagração seguido da celebração da festa da Páscoa.

     Depois o livro trata do retorno de Esdras da Babilônia para a terra de Israel com a finalidade de ensinar ao povo a lei do Senhor. Esdras, o sacerdote  escrita, estava bem qualificado para essa obra, conforme relato do próprio livro:este Esdras subiu de Babilônia. E ele era escriba hábil na lei de Moisés, que o Senhor Deus de Israel tinha dado;...” Ed 7.6. “Porque Esdras tinha preparado o seu coração para buscar e cumprir a lei do Senhor, e para ensinar em Israel os seus estatutos e as suas ordenanças” Ed 7.10.

      Antes de empreender a viagem, Esdras proclamou um jejum para pedir a proteção divina na longa caminhada de Babilônia para a terra de Israel. Deus abençoou de uma maneira especial e o povo chegou em paz ao seu destino (Ed 8.21-23). Logo após a sua chegada, Esdras constatou algumas irregularidades na vida  do povo de Deus, dentre elas o casamento misto, ou seja, o casamento de judeus com mulheres hetéias.

      Após repreender o povo com argumentos tirados da Palavra de Deus, Esdras fez uma oração intercessória por eles. Impactados pela poderosa ação da palavra divina e pela oração do sacerdote Esdras o povo de Deus (os infratores) resolveu despedir as suas mulheres estrangeiras. “Agora, pois, façamos um pacto com o nosso Deus, de que despediremos todas as mulheres e os que delas são nascidos, conforme o conselho do meu Senhor, e dos que tremem ao mandamento do nosso Deus; e faça-se conforme a lei” Ed 10.3. Após esse posicionamento, os infratores, de fato, fizeram o que prometeram ao Senhor, e o livro termina apresentando a relação dos envolvidos nesse episódio.

      Podemos extrair desse livro algumas lições: 1) o cuidado com as coisas espirituais vem em primeiro lugar; 2) Uma obra de restauração sempre encontra  oposição; 3) Para ser usado por Deus como Esdras foi, é preciso de um preparo; 4) É preciso se conformar (obedecer) com a lei divina.

 

Pr. Eudes L. Cavalcanti