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Uma panorâmica sobre Isaías

      O livro de Isaías abre o conjunto de livros proféticos do antigo Testamento, que ao todo são dezessete livros.

   Os detalhes da chamada de Isaías para o ministério profético encontra-se no capitulo 6 do seu livro. Esse profeta exerceu um longevo ministério que durou mais de sessenta anos, começando pelo final do reinado de Uzias passando pelos reinados de Jotão, Acaz e Ezequias e terminando no reinado do filho de Ezequias, Manassés quando, segundo a tradição, foi martirizado.

   O foco do ministério de Isaías foi o reino do Sul (Judá) onde todos os reis foram da casa real de Davi. Isaías foi contemporâneo de Miquéias que profetizou na parte rural do reino do Sul enquanto ele profetizava na corte real e junto à aristocracia de Jerusalém, e de Oséias que ministrou no reino do Norte (Israel).

   Quanto ao livro em si, o mesmo divide-se em três partes bem distintas: Profecias de condenação (capítulos 1 a 35); Profecias de confirmação – cumprimento histórico (capítulos 36 a 39); e Profecias de Consolação (capítulos 40 a 66). Em relação ao cumprimento histórico das profecias de condenação constante da primeira parte do livro de Isaías deve-se fazer a correspondência dela com os textos de 2 Rs 18.13-20.21 e 2 Cr 32.1-33.

  Uma ênfase especial é dada pelo livro à Cristologia (estudo da pessoa de Cristo), sendo Isaías considerado o profeta messiânico por excelência, devido ser ele o que mais vaticinou acerca do Messias vindouro. Nessa ênfase cristológica, Isaías falou sobre a pessoa do Messias (nascido de mulher, nascido virginalmente por concepção sobrenatural, Deus encarnado, Filho de Deus, Yavé – Deus Criador); falou sobre o caráter do Messias (humilde sem atrativo, manso, justo bondoso, irado e vingativo em punir os impenitentes); e falou sobre a obra do Messias (ser apresentado por um precursor; ser ungido pelo Espirito Santo para operar sinais e maravilhas; Pregar e aconselhar como profeta; realizar milagres; ser desacreditado pela sua própria geração; morrer com os ímpios e ser sepultado com os ricos; ser traspassado e moído pelas iniquidades dos outros; receber sobre si o castigo de todos, por ordem de Deus; ser o vencedor da morte; esmagar com fúria os ímpios na sua segunda vinda; ser o rei de Israel; e reinar como o SENHOR dos exércitos).

    O livro de Isaías é chamado também de a Bíblia em miniatura porque em suas duas divisões principais, uma tem 39 capítulos e a outra tem 27 capítulos, totalizando 66 capítulos, a mesma quantidade dos livros da Bíblia, enfatizando a primeira divisão o julgamento do Senhor por causa dos pecados do seu povo e dos povos em geral, e a última parte enfatizando a graça do Senhor como o servo sofredor, e termina com o julgamento final.

    Alguns temas teológicos são enfatizados pelo profeta Isaías, tais como a santidade de Deus, o redentor de Israel, e retidão e justiça. Quanto ao tema santidade de Deus, no livro de Isaías o Deus dos Céus é identificado como o Santo de Israel 25 vezes. Esse tema fala de um dos mais importantes atributos morais de Deus que tem implicação com o viver do seu povo. O tema Redentor de Israel é identificado 13 vezes e só na segunda metade do livro (capítulos 40 a 66). Esse tema trata do resgate de pessoas, da libertação da escravidão espiritual. Quanto ao tema retidão e justiça, termos esses usados umas 80 vezes, o profeta enfatizou que Deus exigia do seu povo um coração reto e que fosse justo em suas ações. Em duas ocasiões, Deus deplorou, no livro, os rituais religiosos superficiais de jejuns de Israel, que tinha substituído a retidão e a justiça pela prática da maldade, violência, assassinato e roubo.

   Isaías fala também sobre a queda de Lucífer, o querubim ungido, que se tornou inimigo de Deus e do seu povo (14.4-20), representado pelo rei da Babilônia, que na sua arrogância e vaidade disse: “... Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono; e no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do norte; subirei acima das alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo” Is 14.13,14. O profeta Ezequiel também trata dessa temática (Ez 28.1-10). Esse assunto é retomado no Novo Testamento quando se diz que Satanás foi expulso do Céu por causa da sua arrogância (Lc 10.18; 2 Pe 2.4; Jd 6; Ap 12.7-9; 1 Tm 3.6; Jo 8.44).     

 

Pr. Eudes Lopes Cavalcanti