Tamanho da letra:

Uma panorâmica sobre Naum

 

    Naum, cujo nome significa consolação, profetizou no reino de Judá, na época de Josias, um dos reis reformadores daquele reino (os outros foram Josafá e Ezequias).

    O livro de Naum enfoca o juízo de Deus sobre a Assíria, especialmente sobre Nínive a capital daquele reino, a grande potência militar da época. Quanto a Nínive, ela já tinha sido poupada por Deus quando os ninivitas se arrependeram ao ouvir a pesada mensagem de Deus através do profeta Jonas, isso um século antes. (Veja o livro de Jonas).

    Os assírios tornaram-se famosos na história pela crueldade com que tratava os povos conquistados, inclusive o reino do Norte (Israel) que foi destruído por eles e o restante levado cativo e espalhado noutros reinos conquistados pela Assíria. Lembrando aos leitores que para a terra de Israel foi baldeado outros povos conquistados pelos assírios que mais tarde deram origem aos samaritanos (2 Rs 17.24-41).

    O declínio assírio começou com a invasão do reino de Judá na época de Ezequias, liderado pelo rei Senaqueribe, sendo destruído o exército assírio, que tinha um contingente de 185.000 guerreiros, por intervenção divina conforme relato de 2 Crônicas 32.1—23 e Isaías capítulos 36 e 37. “Pelo que assim diz o Senhor acerca do rei da Assíria: Não entrará nesta cidade, nem lançará nela flecha alguma; tampouco virá perante ela com escudo, ou levantará contra ela tranqueira. Pelo caminho por onde  vier, por esse voltará; mas nesta cidade não entrará, diz o Senhor. Porque eu ampararei esta cidade, para a livrar, por amor de mim e por amor do meu servo Davi. Então, saiu o Anjo do Senhor e feriu, no arraial dos assírios, a cento e oitenta e cinco mil; e, quando se levantaram pela manhã cedo, eis que tudo eram corpos mortos. Assim, Senaqueribe, rei da Assíria, se retirou, e se foi, e voltou, e ficou em Nínive. E sucedeu que, estando ele prostrado na casa de Nisroque, seu deus,...  seus filhos, o feriram à espada...; e Esar-Hadom, seu filho, reinou em seu lugar”. Is 37.33-38.

     Os assírios foram conquistados pelos caldeus que ocupou a posição de nação líder do mundo na época. Nessa conquista cumpriu-se a profecia de Naum sobre a destruição dos assírios.

    Quanto ao livro de Naum podemos dividi-lo em três partes cada uma correspondendo a um capítulo.  O capítulo 1 contém uma descrição clara de uma faceta do caráter de Deus como justo em punir os pecados, no caso, da cidade de Nínive; O capítulo 2 trata da predição do castigo iminente de Nínive e como se daria esse juízo; e no capítulo 3 encontramos o profeta descrevendo as razões porque Deus iria castigar os assírios (prostituição, impiedade e feitiçaria). Ainda sobre o livro, Naum é um dos três livros proféticos (os outros são Obadias e Jonas) que não trata dos erros do povo de Deus. Isso leva a crer que o mesmo foi escrito no reinado de Josias quando aquele jovem rei empreendeu uma grande reforma religiosa no reino de Judá. É bom lembrar que o reino de Israel (Norte) já não existia na época de Josias.

    Como Naum significa consolação como já foi dito, esse livro traz também uma pequena, mas ao mesmo tempo grande mensagem de consolação para Judá. “Eis sobre os montes os pés do que traz boas-novas, do que anuncia a paz! Celebra as tuas festas, ó Judá, cumpre os teus votos, porque o ímpio não tornará mais a passar por ti; ele é inteiramente exterminado” Na 1.15.

    Desse precioso livro e do seu contexto profético/histórico podemos extrair algumas verdades, senão vejamos: 1) Deus é o Senhor do universo. Ele usou os assírios para punir Israel; 2) Deus mesmo usando os ímpios para cumprir um propósito Seu não os isenta da responsabilidade pelos atos praticados. 3) Deus é o protetor do seu povo; 4) Deus é o justo Juiz e retribui a cada um (nação ou indivíduo) segundo as suas obras, doutrina essa consolidada no Novo Testamento.

                     Pr. Eudes Lopes Cavalcanti