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  Uma panorâmica sobre Romanos

    O apóstolo Paulo, o orgulhoso fariseu, perseguidor da Igreja, que foi convertido a Cristo na estrada de Damasco, foi um exímio escritor, sendo usado por Deus para a produção de quase a metade dos livros do Novo Testamento. Dentre os livros que Paulo escreveu (treze ao todo), nove deles foram escritos às igrejas locais (Romanos a 2 Tessalonicenses) e quatro à pastores (1 Timóteo a Filemon).

     A carta aos Romanos não foi a primeira escrita por Paulo. Ela se encontra no início das cartas paulinas dado a sua importância teológica para a Igreja do Senhor bem como por  ser a mais longa e mais influente das suas cartas.

    A Igreja de Roma não fora fundada por Paulo nem por nenhum dos apóstolos do Senhor, e sim, talvez, por irmãos que fugiram de Jerusalém devido à perseguição que houvera contra a igreja naquela cidade na época de Estevão, ou por algum dos irmãos alcançados pelo Evangelho no dia de Pentecostes.

   Paulo escreveu essa carta para combater o segmento judaizante daquela Igreja que discriminava os crentes gentios bem como para consolidar perante aquela igreja a mensagem que vinha pregando a mais de vinte e cinco anos.

   Essa, como as outras cartas de Paulo destinadas as Igrejas, tem uma parte em que é enfatizada a doutrina cristã (teológica) (1 a 11) e a outra parte que enfoca a questão prática do Cristianismo (12 a 16).

    A epístola aos Romanos tem as seguintes características especiais: 1) É a mais sistemática das epístolas escritas por Paulo, é a epístola teológica por excelência do N.T.; 2) Paulo escreve a carta usando um estilo de perguntas e respostas; 3) Paulo usa intensamente o Antigo Testamento como autoridade bíblica na apresentação da verdadeira natureza do evangelho; 4) Paulo apresenta a doutrina da justiça de Deus como a revelação fundamental do Evangelho – O ato praticado por Jesus na cruz é a consumação da justiça de Deus. Deus ao mesmo tempo em que  castiga Jesus pelos pecados dos homens o justifica pela fé em Jesus;  5) Paulo enfatiza a dupla natureza do pecado: uma como uma transgressão pessoal e a outra como algo inerente a natureza humana. Ele ainda enfatiza a obra meritória de Cristo para contemplar essas duas facetas do pecado; 6) O capítulo oito é o mais longo da Bíblia sobre a obra do Espirito Santo na vida do cristão; 7) a carta aos Romanos apresenta o estudo mais profundo sobre a razão da rejeição do Messias prometido, por parte dos judeus, bem como o plano de Deus para inserir o remanescente fiel através da eleição da graça no programa geral da Igreja; 7) A carta aos Romanos contém a mais longa lista de colaboradores do ministério de Paulo.

    A justificação do pecador através do Evangelho de Cristo é o tema central da carta aos Romanos. Sobre esse assunto Paulo apresenta o tema e o exemplifica com a experiência  de fé do patriarca Abraão. Outro tema importante nessa carta é a poderosa obra do Espírito Santo na vida do crente em Cristo.  Nessa obra Paulo revela que os crentes foram amados e predestinados por Deus na eternidade, chamados e justificados no tempo e serão glorificados no futuro.  Paulo ainda revela o intenso amor de Deus por seus filhos adotivos.

   Um tratamento especial é dado nessa epístola à questão da rejeição de Israel à Cristo e o futuro desse povo no programa redentor de Deus. Somente o remanescente desse povo é que experimentará as benesses da nova vida em Cristo, isto no programa geral da Igreja, ou seja, serão salvos somente pela fé em Cristo (9 a 11).

   Nessa carta se encontra uma das mais belas doxologias do Novo Testamento: “Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos! Porque quem compreendeu o intento do Senhor? Ou quem foi seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? Porque dele, e por ele, e para ele são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém!” Pr. Eudes L. Cavalcanti