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Ciro Zibordi critica “pregação triunfalista” e vê migração de fiéis rumo a igrejas reformadas 

Um dos efeitos do crescimento exponencial dos evangélicos entre os anos 2000 e 2010 é um movimento de migração de fiéis que, depois de um tempo em denominações pentecostais ou neopentecostais, terminam por buscar uma congregação ligada às igrejas reformadas, principalmente Presbiteriana e Batista e Congregacional(¹).

Há um ano, o reverendo Augustus Nicodemus Lopes, ligado à Igreja Presbiteriana, usou as redes sociais para alertar os irmãos na fé pertencentes aos quadros de igrejas reformadas sobre a migração de fiéis ligados às denominações pentecostais e neopentecostais.

Na ocasião, Nicodemus afirmou que “os reformados precisam se preparar para receber as centenas e centenas de irmãos pentecostais e neopentecostais que descobriram a fé reformada pela internet e estão vindo cheios de expectativa e esperança para as suas igrejas”, e acrescentou que “a desilusão deles será grande” caso não exista um esforço em acomodar esse rebanho.

declaração de Augustus Nicodemus não foi bem recebida pelos pastores ligados às igrejas pentecostais – em especial da Assembleia de Deus, principal denominação desta tradição doutrinária – e a repercussão foi ampla nas redes sociais.

Agora, um ano depois, o respeitado pastor e escritor assembleiano, Ciro Sanches Zibordi, publicou um artigo no site da Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD), alertando sobre a necessidade que as igrejas pentecostais têm de rever conceitos para estancar a sangria, mesmo que não existam referências para medir o tamanho e a velocidade dessa migração.

“Há pouco tempo, um influente teólogo usou suas mídias sociais para fazer declarações bombásticas — sem citar uma pesquisa que as confirmasse — sobre a migração em massa de pentecostais para denominações calvinistas”, introduziu Zibordi, sem mencionar o colega presbiteriano.

Zibordi pontuou que “houve reações diversas, já que tal teólogo não apenas afirmou que muitos pentecostais estão se tornando reformados, mas incentivou seus pares a se mobilizarem para recebê-los”, e acrescentou que Nicodemos alertou as igrejas reformadas sobre “não podem decepcionar centenas e centenas de pentecostais e neopentecostais que estão chegando”.

“Estes, de acordo com outros expoentes calvinistas, encantados com a pregação expositiva pela Internet — e cansados de gritaria, pregações sem nexo e animação de auditório —, estariam procurando igrejas reformadas para ouvir a genuína exposição das Escrituras”, avaliou o pastor pentecostal.

Em outro trecho de seu artigo, Zibordi afirma que “sinceramente”, as declarações de Nicodemus “parecem coerentes, pois há mesmo um descontentamento por parte de muitos pentecostais com a pregação triunfalista, antropocêntrica, que tem tomado conta dos púlpitos assembleianos, especialmente em grandes eventos”, mas ponderou que esses desvios e equívocos tem sido alvo de críticas dos “próprios apologistas da Assembleia de Deus”.

“Igrejas reformadas e pentecostais creem que Jesus é o único Senhor e Salvador. Ambas, embora tenham cosmovisões diferentes, creem nos princípios da Reforma Protestante (cinco solas). Ambas, portanto, devem priorizar a pregação aos perdidos, e não o proselitismo. A despeito de nosso orgulho denominacional, nenhuma denominação, por mais antiga que seja, é a detentora da mensagem de salvação”, comentou o líder assembleiano.

Ciro Sanches Zibordi, no entanto, destacou que há uma urgência comum às duas tradições: “Há cristãos descontentes com as denominações, inclusive as tradicionais, e muitos têm preferido não pertencer a igreja alguma. Não obstante, por ironia, formam parte da ‘igreja dos desigrejados’, os quais dizem não ter pastor, mas seguem ensinamentos de gurus da Internet”.

Por fim, o pastor convocou os colegas pentecostais a agirem para que as igrejas da tradição evitem a migração: “A bem da verdade, estudiosos da Bíblia têm grande dificuldade de permanecer em igrejas que não pregam a sã doutrina, independentemente do meio utilizado para isso. Fica aqui um alerta para os líderes pentecostais: se querem que seus membros permaneçam, devem ter uma Escola Bíblica Dominical forte, cultos de doutrina em que se apresente, verdadeiramente, a exposição da doutrina etc. Caso contrário, não poderão se indignar contra a migração — ainda que em pequena escala — para igrejas reformadas”.

(¹) – As Igrejas Congregacionais, tanto da UNIÃO como da ALIANÇA, são Igrejas reformadas e tradicionais. (Pr. Eudes)

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