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Documentário deturpou declarações do papa Francisco sobre gays, diz Vaticano

 

As declarações do papa Francisco sobre a homossexualidade foram, segundo o Vaticano, retiradas do contexto. Sua manifestação a favor da união civil entre pessoas do mesmo sexo não muda a postura da Igreja Católica a respeito do tema.

O Vaticano emitiu um comunicado aos bispos de todo o mundo alertando para o fato de que as declarações de Francisco estavam descontextualizadas, uma vez que elas foram apresentadas no documentário Francesco, do diretor Evgeny Afineevsky, como sendo uma única resposta, mas as frases foram ditas em momentos diferentes, em respostas a perguntas diferentes.

O papa teria dito, segundo a nota do Vaticano, que “falar em casamento entre pessoas do mesmo sexo é algo incongruente”, reiterando a posição da Igreja Católica sobre o assunto. Essa frase, informou a Santa Sé, foi cortada do documentário.

“Há mais de um ano, durante uma entrevista, o papa Francisco respondeu duas perguntas distintas em dois momentos diferentes que, no mencionado documentário, foram editadas e publicadas como uma só resposta, sem a devida contextualização, o que gerou confusão”, explicou a nota interna do Vaticano enviada aos núncios, representantes do Vaticano nos países.

 ‘Heresia’

O lançamento do documentário levou as declarações do papa Francisco a uma repercussão intensa no meio cristão, e motivou um cardeal da Igreja Católica a declarar que a defesa feita pelo pontífice era uma “heresia”.

“Homossexuais têm o direito de fazer parte da família. Eles são filhos de Deus e têm direito a uma família. Ninguém deve ser expulso, ou miserável por causa disso”, disse Francisco, em determinado trecho da entrevista.

“O que temos que criar é uma lei da união civil. Dessa forma, eles estão legalmente cobertos. Defendo isso”, afirmou o papa, em outro trecho.

Essas duas frases, sobre família e união civil, foram apresentadas em Francesco como sendo um comentário único do pontífice, embora formem respostas a perguntas diferentes, conforme informações do G1.

O arcebispo Carlo Maria Viganò, que foi Núncio Apostólico nos Estados Unidos e Secretário-geral do Governatorato do Estado da Cidade do Vaticano, publicou artigo considerando a fala do papa como uma tentativa de causar ruptura na Igreja Católica, provocando “escândalo para os fiéis”.

“Não é preciso ser teólogo ou especialista em moral para saber que tais afirmações são totalmente heterodoxas e constituem uma causa gravíssima de escândalo para os fiéis”, disse Viganò.

“Preste atenção: essas palavras [do Papa] constituem simplesmente a enésima provocação pela qual a parte ‘ultra-progressiva’ da hierarquia quer provocar um cisma astuciosamente, como já tentou fazer com a Exortação Pós-Sinodal Amoris Laetitia, a modificação de doutrina sobre a pena de morte, o Sínodo Pan-amazônico e a imunda Pachamama, e a Declaração de Abu Dhabi, agora reafirmada e agravada pela Encíclica Fratelli Tutti”, acrescentou.

“Parece que Bergoglio está impudentemente tentando ‘aumentar as apostas’ em um crescendo de afirmações heréticas, de tal forma que forçará a parte saudável da Igreja – que inclui bispos, clero e fiéis – a acusá-lo de heresia, a fim de declarar aquela parte sã da Igreja cismática e ‘inimiga do Papa’”, reiterou Viganò.

 

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